Logo que aprendi a ler, comecei a gostar de ler!
Perdoem a redundância!
Em casa não haviam livros, jornais ou revistas, meus pais diziam
que isso era supérfluo e não servia pra nada.
Eu morava em uma chácara na cidade de Campinas, rua de terra vermelha,
dessas que mancham a roupa da gente.
O bairro era novo, e não passava coletores de lixo, então todo o lixo
da vizinhança era jogado em um grande terreno vazio próximo
da minha casa, eu fazia a festa nesse lixão!
Ficava revirando o lixo em busca de coisas para ler, revistas velhas,
jornais, e até encartes de propagandas de lojas.
Eu levava tudo pra casa, e nas minhas horas vagas eu ficava lendo
tudo aquilo, falei de horas vagas, porque apesar da pouca idade,
eu era a "faxineira" da casa, e a casa era grande...
Me lembro que precisava colocar uma cadeira na frente da pia para
alcançar na hora de lavar as louças.
Quando me mudei para outro colégio, eu estava com 10 anos,
e havia nele uma biblioteca onde emprestavam livros para os alunos,
quanta felicidade poder pegar um livro e levar pra casa,
devorá-lo e viajar por suas páginas, conhecendo novos mundos,
que só me era possível conhecer na imaginação e na leitura!
Lembro-me de uma coleção que eu li e não me esqueço até hoje,
já procurei para comprar e não encontrei, era sobre a vida de uma família
pobre, eles viviam se mudando, e os títulos eram assim:
"Uma casa na floresta", "Uma casa na Campina", "Uma casa na árvore",
imaginem, até na árvore eles moraram!
O gosto pela leitura, passei para os meus filhos, nos quartos deles,
a "biblioteca" chama a atenção!
E mesmo com essa correria, e a modernidade de se ter tudo na net,
eles amam livros, e é comum estarmos todos no mesmo ambiente,
cada qual com seu livro!
Eu estou lendo neste momento:
o Labirinto de Kate Mosse.
Tem mais uns 8 na fila de espera, é que ganhei vários no meu aniversário
em abril e no dia das mães também!
Ler é tão gostoso, e nos transporta para lugares onde talvez jamais
conheceremos na realidade, mas só imaginar e no nosso íntimo
fazer parte do que o autor imaginou, já é tão bom...
» Sandra Ribeiro